Na última quinta-feira (4), mais um lobo-guará, batizado como Jurema, foi devolvido à natureza no Oeste baiano pelo projeto de reabilitação idealizado pelo Parque Vida Cerrado.
Em sua segunda edição, a ação une esforços para conservação da espécie e reafirma o êxito do programa, que associa propostas de conservação do Cerrado a uma agricultura responsável e engajada.
O Parque Vida Cerrado, primeiro e único centro de conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental da região, é responsável pela execução do protocolo de reabilitação e soltura de lobos-guará em vida livre no Oeste da Bahia, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A bióloga e coordenadora do parque, Gabrielle Bes da Rosa, explica que o momento é extrema importância para o manejo e a conservação da espécie, que está ameaçada de extinção na região.
Ainda de acordo com Rosa, todo esse aprendizado e experiência são de grande importância, pois os resultados gerados vão se somar a outras iniciativas e tornar o protocolo uma referência para todas as regiões de ocorrência da espécie e beneficiar outros canídeos silvestres.
Processo de reabilitação
O processo para reabilitação inicia-se com a chegada do lobo-guará às dependências do criadouro conservacionista do Parque Vida Cerrado e tem continuidade com a transferência para o recinto de reabilitação em Área de Preservação Permanente (APP) da propriedade rural parceira do projeto (Irmãos Gatto Agro, em Barreiras).
Neste local, o animal permanece pelo período de, no mínimo, dez meses, com disponibilização de abrigo e oferta diária de água e alimentação.
Além disso, o recinto conta com condições adequadas para propiciar uma transição bem-sucedida.
Com 3 mil m², o recinto de treinamento está totalmente imerso no Cerrado e permite que o animal esteja em contato com a realidade que vai encontrar.
A propriedade escolhida é referência na adoção de diversas práticas sustentáveis e dispõe de árvores e arbustos com frutas da região que estão entre as preferidas dos lobos-guará, bem como paisagem característica com a presença de presas naturais, como pequenos mamíferos, aves, lagartos e anfíbios.
Nesse local, o animal é monitorado por câmeras trap para avaliar a evolução comportamental, com especial atenção ao aprimoramento das técnicas de captura.
Além disso, o isolamento do recinto permitiu a diminuição do imprinting à presença humana, o ajuste ao horário de atividade e o reconhecimento dos demais animais de vida livre presentes na região.
Por se tratar de uma espécie territorialista, esse processo busca minimizar os possíveis conflitos.
A soltura para a vida livre ocorre de forma gradativa, até que se perceba a total independência do recinto, que permanecerá aberto nos primeiros dias, garantindo o sucesso adaptativo da soltura.
Informações do Canal Rural
Foto: Divulgação/Rogerio Cunha de Paula