OESTE: O que explica o calor extremo e a tempestade que assola o oeste baiano

Em um mês, é uma das cidades num boletim de alerta para onda de calor. Em outro, acumula 150mm de volume de chuva em apenas um dia. Essa é a realidade de Luís Eduardo Magalhães, município no oeste do estado, mas semelhante ao que tem sido visto em muitas outras cidades da região, como Barreiras e Ibotirama. Mas, o que explica essa instabilidade?

De acordo com Andréa Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o que favorece esse cenário é um conjunto de fatores comuns no verão, época de mais calor e umidade. Nos últimos dias, especificamente, o que potencializou a mudança de tempo foi um corredor de umidade em algumas regiões do estado.

“Há também o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que, em seu centro, inibe a formação de nuvens de chuva, mas, na periferia, aumenta a instabilidade. Então, nós temos essa junção da periferia de um VCAN, a umidade favorecida em vários níveis da atmosfera e proporcionadas também por áreas alongadas de baixa pressão, que intensificam o aumento de instabilidades”, diz.

Hoje, a parte central do VCAN está posicionada próximo de faixas litorâneas, como a do Rio Grande do Norte. Por isso é possível perceber que, enquanto o oeste e o sul registram fortes chuvas, as regiões do leste, próximas do litoral, enfrentam problemas de temperaturas elevadas e pouca chuva.

Ela afirma ainda que, a partir desta quinta-feira (04) tem início um sistema muito característico do verão, a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), cujas características são o aumento da umidade em vários níveis e o proporcionamento de dias com chuvas.

“Por isso, nos próximos dias, a tendência vai ser justamente termos chuvas de dois até três dias, ou até ficar quatro dias mantendo chuvas constantes. Em alguns momentos fraca, outros moderada e em alguns outros momentos também forte. Com isso vêm também umas rajadas isoladas e pode acontecer até trovoadas também”, antecipa a especialista.

O El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal da superfície do Oceano Pacífico Tropical, é um dos fatores principais para a instabilidade, uma vez que a chuva deveria ter começado a retornar ainda na primavera. “O oeste da Bahia, em termos de climatologia, recebe muitas chuvas em novembro e dezembro. O El Niño tornou esse período irregular. Nós tivemos poucas chuvas registradas nessa área, até por conta também do VCAN, que se posicionou no centro da Bahia e inibiu a formação de nuvens de chuva na primavera, atrasando a estação chuvosa”, afirma Ramos.

Informações de Raquel Brito/ Correio
Foto: Reprodução

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