CLUB ADORO: Bebidas não alcoólicas ganham mais espaço e sobem de nível

A ideia de consumir bebidas sem álcool ainda soa tão estranha que, diante da crescente oferta de cerveja sem álcool no mercado, a dúvida mais comum registrada sobre o tema no Google Trends nos últimos 12 meses é se essa tal de cerveja sem álcool… tem álcool? Sim, de acordo com o serviço da Big Tech, ainda é difícil entrar na cabeça do pessoal que uma das bebidas mais populares do happy hour pode existir sem a substância.

Mas se em um passado recente os adultos que pediam uma bebida sem álcool na confraternização da firma eram sempre questionados pelos colegas, hoje esse comportamento está ficando cada vez mais comum – e os números estão aí para provar.

Quem puxou a onda certamente foi a cerveja. Por muito tempo alvo de preconceito dos amantes da bebida fermentada, hoje a categoria não alcoólica experiencia um boom, atingindo públicos que vão desde a galera fitness, com um estilo de vida saudável, às grávidas. A demanda é crescente: as buscas por cerveja sem álcool bateram recorde no mundo em julho deste ano, segundo o Google Trends. Nos últimos cinco anos, a procura pelo assunto aumentou 80% globalmente e 60% no Brasil.

O setor se mostra promissor. Não é à toa que cada vez mais marcas estão entrando no segmento, de grandes players como Heineken e Budweiser às mais artesanais, como a Athletic Brewing (que promete ter menos álcool do que uma fatia de pão de centeio). E chegou até à alta gastronomia: o 12º melhor restaurante do mundo, o paulista A Casa do Porco, tem um menu degustação harmonizado com cervejas e até vinhos sem álcool, por exemplo.

A maior procura do público fez a indústria se mexer e 2023 será o ano que o Brasil vai vender o maior volume de cervejas non/low-alcohol da história: serão 480 milhões de litros, mais que o triplo dos 140 milhões de 2019, de acordo com projeções da Euromonitor International para a Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja).

Já nos bares e restaurantes, outra categoria que surfa nessa onda são os mocktails, um nome adornado para drinks sem álcool. À mesa, quem não for beber não precisa mais ficar só na água ou no suco: os coquetéis sem nenhum tipo de substância etílica têm sido elevados para (bem) além do básico, com misturas dignas da mixologia. Pense em espumas, xaropes, bitters e especiarias, com nuances, texturas e aromas de um drink convencional, servidos em taças e copos à altura. Os tempos onde a opção principal era um mero chá (normalmente bem doce) com água gaseificada e gelo em um copo de refrigerante estão ficando para trás, puxados por uma mudança comportamental dos consumidores.

Nesse sentido, nos últimos quatro anos, a presença de mocktails nos cardápios de restaurantes ao redor do mundo cresceu impressionantes 223%, de acordo com o estudo MenuTrends, da Datassential. E deve aumentar ainda mais, prevê Daniel Estevan, head bartender dos cariocas NOSSO e do Katz-sū, com o desenvolvimento cada vez mais acelerado de destilados sem álcool, como vodkas e gins – tendência já forte no continente europeu, que o profissional aposta que chega em terras brasileiras nos próximos anos.

Uma pesquisa, do Pinterest Predicts, corrobora que a tendência chegou para ficar: em 2022, as pesquisas por “bar de mocktails” subiram 75% em relação ao ano anterior, enquanto as de “bebidas sem álcool sofisticadas” registraram uma alta de 220%. No Google Trends, a busca pelo termo “drink não alcoólico” atingiu seu pico da série histórica, iniciada em 2004, enquanto no app da Gen Z, o TikTok, a hashtag #mocktail acumula mais de 1,2 bilhão de views.

É inegável que exista uma mudança comportamental em andamento quando o assunto é o consumo de álcool, junto a uma demanda reprimida por opções mais sofisticadas de bebidas sem qualquer tipo de substância etílica. A hora é dos restaurantes, bares e marcas nadarem com a maré, em um mercado que ainda tem muita margem de crescimento – 31% até 2024, segundo a consultoria IWSR.

Informações da Forbes.
Fotos: Reprodução

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