CIRCUITO GASTRÔ: Restaurante Amado

Conheça esse oásis da gastronomia comandado pelo chef e restaurateur Edinho Engel

Texto: Louise Calegari

Ir à Salvador e não conhecer o restaurante Amado é quase heresia. O local virou parada obrigatória para quem gosta de desfrutar de uma culinária refinada e autoral em um ambiente elegante, sofisticado e intimista. Para completar a experiência, a vista praticamente debruçada na Baía de Todos os Santos faz o visitante entender porque a capital baiana é a terra do axé e porque o lugar está entre os melhores do país.

O restaurante foi inaugurado em 2006 e desde então acumula diversos prêmios da Revista Veja, Gula, Guias e também o selo de “Responsabilidade Social”, que foi concedido pelo Governo do estado da Bahia. São tantos, que nem cabem mais na parede do estabelecimento. O Amado é o único restaurante baiano a entrar na seleta lista de melhores do mundo, da britânica 50 Best Discovery.

A imensa adega oferece pelo menos 70 rótulos e o disputado cardápio, 38 itens. O carro chefe é um filé de peixe em crosta de castanha de caju, que vai ao forno depois de grelhado e é servido sobre uma cama de purê de banana da terra, acompanhado por uma releitura do clássico caruru e um blend de arroz selvagem. 

Outro prato que merece destaque e figura entre os mais pedidos é o camarão cabelinho de anjo, aquele macarrão bem fininho. Os maiores camarões da casa são empanados nesse macarrão e frito. Em seguida é servido junto com um risoto de maçã verde, queijo curado e mandioquinha.

A alma do Amado é o chef/restaurateur Edinho Engel, um expert em restaurantes de sucesso. É dele também o renomado Manacá, que fica no litoral norte de São Paulo. Já a cozinha é comandada pelo chef executivo Danilo Fernandes e mistura técnicas orientais e francesas com ingredientes baianos. O resultado é uma comida contemporânea e altamente saborosa.

Chef Edinho Engel

Contar a história do Amado, sem falar de Edinho Engel é uma missão quase que impossível. Quem o vê circulando sorridente pelos quatro cantos do restaurante, entende na hora que a paixão pelo que faz, é o que o motiva todos os dias. Esse amor por tudo que envolve a cozinha, começou ainda na infância, como ele mesmo conta: “Eu sou de Uberlândia, do triangulo mineiro. Fui criado na roça, com uma família enorme que costumava se reunir em volta do fogão à lenha, para fazer queijos, pamonhas e todo tipo de linguiça. Eu estava sempre por ali, ajudando a cortar os ingredientes e a fazer as receitas.”

Das Minas Gerais, Edinho partiu para São Paulo e mergulhou nos estudos na década de 70: Fez faculdade de Ciências Sociais, trabalhou na implantação do projeto de integração do metro de SP e depois largou toda essa vida burocrática para voltar pro trilho antigo: cozinhar. 

Se juntou à um amigo e juntos passaram a fazer e vender pão de queijo, broa de fubá, coxinha e muitos outros quitutes que logo fizeram sucesso. Em um ano, ele inauguraria o primeiro negócio, um bar com ares de restaurante, na rua Teodoro Sampaio. Foi o batismo na cozinha profissional. 

Edinho sonhava alto, mas também buscava qualidade de vida. Mudou-se para Camburi, no litoral paulista e lá, empreendeu novamente na região que ainda estava se desenvolvendo. Começou fazendo quentinhas, ofereceu serviço de café da manhã e depois abriu outro restaurante, o Manacá: “Esse foi o meu maior desafio como empreendedor, porque eu não sabia nada de frutos do mar, pois só conhecia a culinária mineira do interior. Tive que aprender a fazer peixe, camarão e polvo.”, explica ele.

O esforço valeu a pena, porque em apenas dois anos, o restaurante já era um sucesso: “Naquele tempo não tinha escola de gastronomia acessível e nem internet. Não existia esse conceito de chefs de cozinha que vemos hoje. Éramos cozinheiros. Era o nosso emprego, não havia outra opção”, diz. Edinho fala que foi um empreendimento global, já que tinha que ser também empresário e até sommelier. Foi uma experiencia mágica que já dura 32 anos!” 

Mesmo com o Manacá a todo vapor, em 2000, Edinho e a esposa Wanda, que sempre cuidou da administração, se viram no dilema de buscar uma educação mais completa para a filha do casal. Optaram pela mudança para Salvador, na Bahia: “A gente não queria voltar pra São Paulo de jeito nenhum”, complementa.

Chegando na capital baiana uma surpresa: “Em Salvador fui levado a conhecer um espaço cujo restaurante iria encerrar as atividades. Quando vi a vista para o mar me encantei!” – fazendo uma referência ao endereço atual do Amado, na avenida Contorno. Dali, o amor pela nova terrinha cresceu tanto que em breve ele receberá o título de ‘Cidadão Soteropolitano’: “Eu tenho verdadeira paixão pela Bahia, por essa luz, por esse jeito desprendido de ser das pessoas daqui. Eu sou mais brasileiro que nunca, um pouco mineiro, um pouco paulista e agora, um pouco baiano. “

Ao longo dos 40 anos de vida profissional, Edinho Engel colecionou amigos e admiradores, como o chef Alex Atala, ganhador de duas estrelas Michelin. Certa vez, em uma entrevista, Atala revelou que Edinho, é um de seus preferidos no Brasil.

O chef se derrete e sorrindo diz que gastronomia é isso mesmo, uma arte que une pessoas e vivências: “A gente tem essa missão de fazer com que o cliente tenha uma experiência deliciosa, num lugar lindo, para que o dinheiro gasto valha a pena e ele queira voltar sempre.”

@restauranteamado

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