A top baiana Barbara Valente, que completou 27 anos na última quarta-feira (6), é a capa da Vogue de março, mês de troca de coleções. Nascida em Salvador e criada no bairro da Ribeira, na Cidade Baixa, a modelo é considerada hoje um dos nomes mais quentes da moda, não só no Brasil. Ela já coleciona feitos que vão desde uma estreia exclusiva na Prada, em 2015, até campanhas recentes para a Balmain e Tom Ford – e ainda sonha em trabalhar com Maximilian Davis, atual diretor de criação da Ferragamo.

“Quando comecei, não via diversidade, então era difícil ter uma identificação com aquela mulher das passarelas e revistas. Eram brancas, em sua maioria europeias e com corpos padronizados. Me deixa muito feliz saber que, agora, crianças e adolescentes podem se enxergar na moda.”, disse Barbara, em entrevista, ao refletir sobre diversidade na indústria.

Na capital baiana, Barbara cresceu vendo o avô pescar e a mãe participar de competições de remo, que arriscou mais tarde na adolescência, mas outro sonho falou mais alto. “Acredito que vim realizar os desejos dos meus ancestrais, de viver da arte e alcançar reconhecimento. Minha mãe queria ser modelo, mas meu avô não deixou”, contou ela. Incentivada pelo primo, professor de dança e produtor de eventos, fez desfiles organizados por ele na região onde morava.

Mesmo depois do parente mudar-se para a Espanha, seguiu agitando essa vontade dentro dela. “Em 2014, ele me escreveu dizendo que eu deveria tentar ser modelo profissional. Me apresentou para um scouter de Salvador que, por sua vez, me conectou com agências de São Paulo. Fiquei em terceiro lugar em um concurso e me mudei no ano seguinte para seguir carreira.”

Seis meses depois, com apenas 18 anos, ela já estava a caminho de Milão para um casting que a colocaria no radar internacional. “Eu não sabia a dimensão da Prada, minha família nunca teve acesso às marcas de luxo e, apesar de ter feito desfiles quando criança, nada se comparava ao mercado profissional”, contou.

“Cheguei sem falar inglês ou entender muito bem [os processos], achei que não tinha passado até receber a ligação no mesmo dia com o look da prova e a confirmação no desfile no dia seguinte”, lembra ela sobre a sua estreia exclusiva na semana de moda milanesa, em 2015, na passarela de Miuccia Prada.

“Sou muito grata por esse momento, me abriu muitas portas para onde queria me firmar naquela época, comercialmente falando. Apesar da vontade de fazer desfiles, precisava do dinheiro, e ter esse nome no currículo me possibilitou a independência. Depois, em 2019, retornei às passarelas de forma triunfal, abrindo para a Bottega Veneta, também com exclusividade.”

Depois de tantos anos de carreira, Barbara considera que, como modelo tornou-se mais profissional. “Comecei a entender que eu sou dona da minha carreira e da minha voz. Eu me posiciono no que quero e sempre fui muito ativa junto aos meus agentes. Eu brinco que um dia eu vou virar uma, porque sou boa de estratégias. Eu entendi que se você não pegar sua carreira pelas mãos, ninguém irá”, refletiu.

Enquanto pessoa, a modelo baiana diz que tornou-se mais humana. “Aprendi a conviver com outras culturas e personalidades diferentes, e isso me tornou mais sensível e flexível para lidar com o meu entorno”, completou.

O agente e olheiro Vinny Vasconcellus comemorou a destaque da baiana na Vogue. “Ela inicia um novo ciclo de vida com muita prosperidade. Que sua história seja cada dia mais inspiração para novas New face. Orgulhoso sempre estou em acompanhar toda a sua evolução assim percebendo o quanto você lutou para ter seu espaço”,  escreveu o scouter​.

Informações do Alô Alô Bahia
Fotos: LUFRÉ/Vogue Brasil