China reduz exigências para comprar milho do Brasil

O governo de Pequim renunciará temporariamente a uma cláusula-chave que abre caminho para que o Brasil envie milho à China nos próximos meses, disseram pessoas a par do assunto. A medida segue um acordo em maio que garante ao governo brasileiro acesso ao maior mercado mundial de grãos no longo prazo. O Brasil é o maior exportador de milho depois dos EUA.

Esse acordo, que levou anos para ser concluído devido a questões fitossanitárias, exige que o governo brasileiro forneça diretrizes a agricultores sobre a aplicação de produtos químicos e manejo das culturas antes da semeadura, como forma de garantir medidas para evitar doenças.

A China renunciará a essa condição para a temporada atual, disseram as pessoas, algumas das quais pediram para não serem identificadas. Caso a regra fosse aplicada, prejudicaria os embarques, pois teria sido imposta após o início do plantio.

Produtores e exportadores de milho foram informados da decisão da China pelo Ministério da Agricultura em reunião em 5 de agosto, segundo Sergio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), e Glauber Silveira, diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho). Os ministérios da Agricultura do Brasil e da China não responderam pedidos de comentários da reportagem.

A China tem buscado diversificar as importações de milho, das quais cerca de 70% vieram dos EUA, e 30% da Ucrânia no ano passado. A medida para aumentar as compras do Brasil vem na esteira da interrupção da oferta ucraniana no mercado mundial devido à invasão da Rússia. Também ocorre em um momento de maior tensão entre China e EUA, agravada pela visita a Taiwan da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, no início deste mês.

A China já compra a maior parte da soja do Brasil, outro ingrediente usado em rações para seu enorme plantel de suínos. O país asiático tem um histórico de evitar comprar produtos agrícolas dos EUA em momentos de tensão diplomática, como durante a guerra comercial entre 2018 e 2019, além de seu objetivo de reduzir a dependência de um único fornecedor.

Com informações da Exame.
Foto: Reprodução

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