Saiba como uso excessivo de eletrônicos pode ser prejudicial a crianças e adolescentes

Que atire a primeira pedra aquele que consegue ficar longe dos aparelhos eletrônicos por muito tempo. Seja para o trabalho ou para o lazer, o contato com tablets, celulares e videogames começa cada vez mais cedo e dura cada vez mais tempo. E para piorar, a pandemia potencializou o acesso indiscriminado a essas tecnologias, acendendo o alerta para os prejuízos causados pela exposição prolongada às telas, especialmente no público infanto-juvenil. Uma pesquisa realizada recentemente pela McAfee revelou que os jovens brasileiros são os que mais utilizam aparelhos eletrônicos no mundo, ocupando a faixa de 96% da taxa de uso de smartphone, despontando na média global. 

A psicóloga Lícia Ledss conta que é cada vez maior o número de pais de crianças e adolescentes que chegam ao consultório queixando-se de filhos que não largam os seus aparelhos, não respondem aos comandos ou têm problemas escolares e de relacionamento por conta do uso abusivo das tecnologias: “Não há como voltar atrás com relação às tecnologias e à internet. Porém, precisamos encontrar uma forma saudável de conviver com este recurso, já que ele está aí para solucionar os problemas do nosso dia a dia, e não piorar a nossa vida.” 

De acordo com a especialista, esses aparelhos foram apelidados de “chupetas digitais” por minarem a capacidade imaginativa das crianças, jovens e também dos adultos, o que implica diretamente na criatividade e na aprendizagem: “Uma publicação recente revelou que temos a primeira geração de filhos menos inteligentes do que seus pais. Portanto, utilizar o celular como ferramenta para driblar o tédio ou manter as crianças e adolescentes acomodados é um recurso arriscado.”

A profissional ressalta que quando esse uso ultrapassa o limite saudável, a saúde física e mental pode sofrer impactos, já que esse público ainda está com o cérebro em formação e não tem maturidade suficiente para manter a atenção, avaliar situações, tomar decisões e, principalmente, controlar os impulsos causados pelos estímulos provocados pelos aparelhos eletrônicos. Além disso, a luminosidade das telas é prejudicial à visão e pode prejudicar o sono, fundamental para o desenvolvimento do corpo e da mente. 

Em casos assim, o ideal é tentar buscar o equilíbrio no uso excessivo da tecnologia: “Esse é um dos grandes desafios dos tempos atuais, pois trabalhamos e resolvemos nossos problemas através do celular. Até as nossas relações pessoais têm sido intermediadas pelo uso das tecnologias”, diz a psicóloga, que lembra ainda, que de nada adianta cobrar a mudança de hábito apenas das crianças e adolescentes de maneira isolada: “Geralmente quem é mais jovem se espelha nos pais e nas figuras significativas do seu cotidiano. Por isso, é necessário que os adultos também cuidem da sua relação com o celular e outros aparelhos. O exemplo sempre educa”, completa. 

 

Lícia Leds (Foto: Divanildo Silva)

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