Texto: Vitórian Tito

Aventura e companheirismo. Duas palavras que se complementam quando o assunto envolve um grupo de amigos apaixonados por velocidade e uma vontade louca de colocar o pé na estrada. Para o Xerifes do Asfalto, foi o empurrãozinho que faltava para colocar em prática um sonho antigo. O grupo de motociclistas de Barreiras – BA percorreu cerca de 4880 quilômetros em um trajeto pelo litoral do Nordeste. A viagem aconteceu em janeiro e durou 15 dias.

De Barreiras – que foi o ponto de partida da aventura – os motociclistas passaram por Recife, Porto de Galinhas, João Pessoa, Natal, São Miguel do Gostoso e Fortaleza. Entre as paradas, eles ainda aproveitaram uma imersão cultural em locais com forte tradição nordestina e conheceram as belezas e cenários naturais de cidades como Barra, Xique Xique, Irecê, Morro do Chapéu, Petrolina, Olinda e Triunfo, essa última no sertão pernambucano, também conhecida como “Oásis do Sertão”.

O consultor empresarial Johnson Medrado, de 42 anos, foi um dos participantes da empreitada. O mineiro mora em Barreiras desde 2004 e decidiu entrar para os Xerifes do Asfalto em 2021, motivado por um antigo interesse por motos. “A minha paixão vem da infância, mas só adquiri minha primeira moto aos 25 anos, uma Sahara 350cc, e cheguei a ficar mais de 10 anos sem pilotar devido ao volume de trabalho e constantes viagens”, conta. 

Em 2019, Johnson aceitou o desafio de restaurar uma Harley Davidson Electra Glide de 2011, que estava em péssimo estado de conservação e algumas avarias decorrentes de um acidente de trânsito, e dedicou dois anos à conclusão do projeto. Entre as dificuldades de encontrar as peças no Brasil e a demora na importação de algumas outras que não existiam em solo nacional, foi apenas em 2021 que o motociclista teve a oportunidade de viajar para testar a nova moto. Mas os percursos eram sempre curtos, até que surgiu a vontade de desafiar o veículo completamente restaurado em uma longa distância. 

Foi quando o presidente do moto grupo, Marcos Rabelo, apareceu com a ideia que logo foi abraçada pelos demais: uma viagem que teria como destino final a cidade de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte.

A viagem não foi fácil, como conta Johson Medrado: “Sem dúvida, a grande dificuldade que encontramos foram os extremos que presenciamos ao longo do trajeto, como o calor exorbitante e as trombas d’água que transformavam o dia em noite e que ditaram o ritmo da nossa aventura. É preciso atenção redobrada e muita experiência.”

Mas tudo valeu a pena, jura ele: “É uma experiência única. A gente tem a oportunidade de conhecer gente nova, viver aventuras e ter histórias para contar. Com certeza faria tudo de novo. Aliás, não somente eu. Basta perguntar a qualquer um dos participantes dessa viagem, a resposta seria única: não apenas viajaríamos novamente, como também convidaríamos mais motociclistas a irem conosco nessa jornada.”

São Miguel do Gostoso: uma grata surpresa

São Miguel do Gostoso é uma vila de pescadores e tem cerca de 10 mil habitantes. O local é conhecido por ter praias tranquilas e belas, ruas de terra, uma pequena igreja e um cruzeiro. A cidade está localizada bem na esquina do continente, o encontro de Leste e Norte, no ápice do nosso Nordeste. O local é frequentado por turistas o ano inteiro, principalmente pelos amantes de windsurf e kitesurf.  

E foi exatamente tudo isso que fez com que Moto Grupo apostasse na cidade como um dos principais destinos, antes do ponto final da viagem, em Fortaleza – CE: “Nenhum de nós conhecia São Miguel do Gostoso e ficamos curiosos sobre a cidade que fica exatamente na esquina do continente e é onde os ventos do Brasil se encontram”, conta Johnson. Ele acrescenta que o local impressionou tanto o grupo que em vez de ficarem apenas uma noite, como estava na programação, a estadia foi estendida para duas noites. O objetivo foi conhecer mais as praias e restaurantes da cidade.

Johnson diz que apesar de pequeno, o município é muito acolhedor, além de ter importância histórica: “Trata-se de uma cidade com poucos moradores e apesar da distância de Natal, proporciona ao turista grandes atrativos como bons restaurantes, bares e passeios incríveis, além de conhecer um pouco mais da nossa história, já que foi na Praia do Marco, no dia 7 de agosto de 1501, que três embarcações portuguesas chegaram ao Brasil e deram início à colonização”, explica o motociclista.  

@johnsonmaraujo