Autocobrança e autocompaixão: você sabe dosar?

O mundo se tornou cada vez mais exigente e nessa nova configuração, a rotina exige performances cada vez mais ativas e produtivas, seja dentro de casa ou no ambiente de trabalho. O problema é que a longo prazo, a pressa, a falta de tempo, o excesso de demandas e a contínua sensação de sobrecarga podem ultrapassar os limites do corpo e da mente. Especialistas alertam que quando isso acontece é hora de pisar no freio, pois a saúde pode ficar comprometida em ciclos repetitivos onde há excesso de autocobrança e a falta de autocompaixão. 

É normal querer melhorar a performance em atividades do dia a dia, como explica a psicóloga Daniela Mattos: “Quando a busca por excelência no desempenho é exagerada e consiste unicamente no desejo de alcançar mais resultados, ser mais rápido e o melhor, a sensação de cobrança pode gerar justamente o efeito contrário. Do esforço que não traz resultados almejados, o que se tem é insatisfação, estresse e cansaço.” 

Quando a constante busca por melhoria pessoal insiste em bater na trave, torna-se cada vez mais difícil olhar para si mesmo com amor: “A autocobrança surge, muitas vezes, de inseguranças não tratadas ou da necessidade de agradar e não decepcionar o outro. Nós só conseguimos minimizar essas sensações, a partir do momento em que passamos a desenvolver o nosso autoconhecimento e entendemos quais os nossos objetivos. Isso nos permite ter um olhar mais gentil e afetuoso sobre nós mesmos, sobre os nossos problemas e demais preocupações”, diz a psicóloga. 

No consultório, a especialista conta que é muito comum perceber comportamentos relacionados ao excesso de autocobrança e pouca autocompaixão em pacientes com diagnósticos de depressão, ansiedade e quadros de burnout: “Quando não agimos com autocompaixão, acabamos nos colocando em espaços de autocobrança em que elas são elevadas e muitas vezes irreais, e isso aumenta os níveis de ansiedade e da visão negativa sobre si”, ressalta. 

A profissional diz que a autocompaixão é o elemento essencial para minimizar os níveis de cobrança e aprender a aceitar e acolher a si mesmo sem focar nos erros e principalmente, buscar ajuda: “Para mudar esse cenário é preciso começar um processo de autoconhecimento para começar a se priorizar dentro das rotinas. A terapia é extremamente necessária para fortalecer a autoestima e desenvolver um olhar com mais compaixão, aceitação e menos cobranças dentro de cada realidade”, finaliza ela. 

@psidanielamattos

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