SAÚDE: 15,1% das crianças de 5 a 9 anos da Bahia têm sobrepeso e 15,9% têm obesidade

Um dado alarmante tem chamado a atenção de pediatras e nutricionistas na Bahia: 15,1% das crianças de 5 a 9 anos no estado têm sobrepeso e 15,9% têm obesidade. Os dados do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), do Ministério da Saúde, acendem um alerta para um cenário perigoso de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e alterações de colesterol.

O sobrepeso é um estágio antecedente à obesidade, classificado por índices antropométricos, geralmente medidos por meio do Índice de Massa Corporal, o IMC. A obesidade, de fato, é uma doença multifatorial, resultado da evolução do sobrepeso, que pode causar complicações metabólicas graves.

De acordo com Junaura Barretto, médica nutróloga pediatra e professora da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), uma criança com sobrepeso que não reverte a situação acaba, inevitavelmente, acaba evoluindo para a obesidade.

“A obesidade é evolução do sobrepeso. Do ponto de vista de gravidade é pior, mas mesmo a criança com sobrepeso pode ter complicações metabólicas importantes, como resistência à insulina, hipertensão, dislipidemias (alterações de colesterol), dentre outras”, explica.

Como uma doença multifatorial, a obesidade possui relação com questões genéticas, no entanto, os fatores ambientais favorecem a expressão de genes herdados. Um filho de pais obesos, por exemplo, tem 80% de chance de ser obeso. Se um dos pais for obeso, a chance é de 50%.

“Se essa criança, desde o nascimento, for conduzida de forma a garantir a prevenção, podemos conseguir resultados bastante satisfatórios em relação ao não desenvolvimento da doença. Então, não depende apenas da genética”, pontua Barretto.

Os cuidados para evitar sobrepeso e obesidade devem ser feitos desde a gestação, pois uma mãe obesa aumenta o risco de obesidade da sua prole, como pontua Barretto. “A preocupação deve estar em prevenir a obesidade, garantindo aleitamento materno e sobretudo uma alimentação saudável durante toda a infância. E se a criança estiver acima do peso, é necessário consultar um nutrólogo pediatra ou nutricionista pediátrico para auxiliar na condução terapêutica.”

Garantir uma boa alimentação durante toda a infância e adolescência, especialmente nos primeiros 1000 dias de vida, da vigésima sétima semana de gestação aos dois anos de idade, é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Nesta fase específica, há maior suscetibilidade de expressão de genes para doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, é importante praticar atividades físicas e reduzir tempo de tela.

Segundo a nutricionista Renata Alves, muitos pais conseguem perceber uma certa mudança comportamental e física de algumas crianças, que chegam ao consultório com sobrepeso ou obesidade. No entanto, a confirmação desse diagnóstico acontece por meio de uma avaliação.

“Há planilhas com cortes específicos, por sexo e faixa etária, que possibilitam o diagnóstico. Às vezes, também há necessidade de avaliação da cintura, para realizar um acompanhamento mais detalhado”, explica.

Os exames bioquímicos são essenciais para o diagnóstico. Isso porque crianças obesas ou com sobrepeso tendem a apresentar deficiências nutricionais causadas pela má alimentação. “É comum que essas crianças apresentem deficiência de ferro, vitaminas, anemia e glicemia e colesterol altos. Esses parâmetros complementam esse diagnóstico.”

Informações do Correio.
Foto: Shutterstock

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