Produção agropecuária deve atingir R$ 1,2 trilhão em 2022, mas mercados pisam no freio

Doquinha Neto (Foto: Divanildo Silva)

O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2022 deve atingir R$ 1,243 trilhão, com aumento de 2,4% em relação ao ano de 2021, quando foram contabilizados R$ 1,214 trilhão. Esse resultado positivo se deve ao setor agrícola brasileiro por causa do aumento de preços do algodão, batata-inglesa, café-arábica e banana. 

Os dados do Ministério da Agricultura informam que, em contrapartida, o setor pecuário registrou uma queda considerável nesse mesmo período. A diminuição da produção brasileira chegou a 6,4% com um montante de R$ 362,64 bilhões em 2022, causada pela queda dos preços de produtos de origem bovina, suína e do frango.

Nas últimas semanas, com escalas de abate bem posicionadas decorrente da maior oferta de bovinos terminados, assistimos a uma pressão de baixa nas praças pecuárias brasileiras. O consumo doméstico de carne bovina diminuiu em razão dos preços elevados do produto.” É o que explica Vera Maciel, que atua na intermediação de compra e venda de animais há mais de 8 anos na região de Matopiba, que compreende o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Vera trabalha há quatro anos em parceria com Doquinha Neto, outro profissional experiente em serviços de intermediação de compra e venda de animais, e que possui uma extensa cartela de clientes espalhados pelo país. De acordo com ele, é preciso vencer os inúmeros desafios além da oferta e da demanda de animais: “É preciso analisar algumas vertentes importantes, como o mercado futuro, a reposição e a problemática da nutrição. Outro fator que deve ser levado em consideração é o mercado de insumos e especulações sobre o mercado chinês, que sempre surpreende.” 

De acordo com a dupla, o clima, que também interfere na produção, compra e venda no setor pecuário, pode acabar interferindo no cenário: “Como esperado para esta época do ano, já sentimos o clima seco e o frio. Isso faz com que aumente a oferta de bovinos a pasto e consequentemente ajuda a manter a pressão nos preços do boi gordo, alongando as escalas de abate e puxando o mercado para baixo.”

Mesmo em meio a volatilidade, Vera ensina que é preciso enxergar oportunidades para os próximos negócios: “Já podemos ver uma mudança sutil no mercado futuro, que dá sinais de uma possível alta. Nesta semana o boi gordo se mostrou firme e as escalas mais curtas. Já a demanda interna se mantém estável apesar da sazonalidade de meio do mês, com leve alta nos preços.”

Foto de capa: Vera Maciel (Foto: Divanildo Silva)

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