Brasil desmatou o equivalente a dez vezes a cidade de São Paulo em 2021

O Brasil perdeu 16,5 mil quilômetros quadrados de mata nativa em 2021, uma área equivalente a dez vezes a cidade de São Paulo. Em relação ao ano anterior, o desmatamento em todo o território nacional cresceu 20%, aponta o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas, lançado na segunda-feira (18/07).

No ranking da destruição por bioma, a Amazônia é a primeira, com 59% do total de desmatamentos registrados no país. Em 2021, foram 9,7 mil km2 de corte desse bioma, 15% a mais do que o verificado no ano anterior.

O Cerrado vem na segunda posição, com 30% do total desmatado e uma área de 11,6 mil km2 perdida. Na sequência, aparecem a Caatinga, com 1,1 mil km2; a Mata Atlântica, com 301 km2; o Pantanal, com 286 km2, e o Pampa, 24 km2. Esse último foi o bioma que registrou o maior aumento percentual, de 92,1%.

Para chegar aos resultados, a equipe do MapBiomas analisou 69.796 alertas de desmatamento captados pelos satélites que integram diferentes sistemas, como o Deter (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe), SAD (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Imazom), GLAD (Universidade Maryland), SIRAD-X (Instituto Socioambiental, ISA), SAD Caatinga (Geodatin e Universidade Estadual de Feira de Santana, Uefs), SAD Pantanal (SOS Pantanal e ArcPlan) e SAD Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e ArcPlan).

Alta ilegalidade, alta velocidade

O relatório, feito pelo terceiro ano seguido, indica também uma alta taxa de ilegalidade: 98% dos desmatamentos detectados estão fora da lei. Isso significa que há problemas como falta de autorização dos órgãos responsáveis, sobreposição a áreas que deveriam ser protegidas nos imóveis rurais ou sobreposição a áreas públicas protegidas, como unidades de conservação.

Outro destaque negativo é o aumento do tamanho médio dos desmatamentos. De 2020 para 2021, o número de áreas impactadas com mais de 100 hectares saltou de 2.026 para 3.040.

A velocidade com a qual a mata nativa é devastada no país ficou mais acelerada no período: com uma média de 191 novos alertas por dia, a área de desmatamento diário em 2021 foi de 45 km2. É como se um estádio do Maracanã desaparecesse a cada dois minutos.

É possível ainda, mostra o relatório, saber e penalizar quem comete as irregularidades, já que a maior parte do corte, 76%, ocorreu sobre áreas que estão registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse registro é obrigatório para todos os imóveis rurais de acordo com o Código Florestal.

De onde vem a pressão

Pela primeira vez desde sua primeira edição, o relatório analisou as atividades econômicas que mais influenciaram as áreas desmatadas. A agropecuária aparece como o principal vetor, responsável por 97% dos casos, seguida pelo garimpo (0,5%), expansão urbana (0,4%), mineração (0,1%) e outros motivos (2,5%) ainda em estudo para futuro detalhamento, como construção de usinas eólicas e solares.

Fiscalização e punição

Apesar de todo detalhamento disponível, a fiscalização ainda segue a passos lentos. Até maio de 2022, apenas 5,2% da área desmatada sofreu embargo ou autuação do Ibama.

Com informações da IstoÉ.
Foto: Alberto César Araújo

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