Conheça a história de Eduardo Lima, artista que ganhou espaço internacional com pinturas sobre o sertão nordestino

Difícil achar alguém que discorde que o Nordeste, além de ser uma região mais quente, é também mais colorida, mais vibrante e tem uma diversidade cultural imensa. As belezas naturais por essas bandas se revezam com a alegria de um povo guerreiro que ajuda a movimentar a economia do país. 

Foi essa paixão pela terra que fez o capim-grossense Eduardo Lima se destacar no Brasil e no mundo com um estilo bem peculiar: fazer releituras de obras mundialmente conhecidas com inspiração nos elementos do sertão nordestino. O resultado são pinturas únicas que desmistificam o povo e apresentam a região com um olhar mais sincero, carinhoso e acolhedor. 

Ainda na escola, o artista plástico traçou os primeiros desenhos com o incentivo dos professores

O interesse na arte nasceu na infância durante suas andanças com o pai artesão, na cidade de Capim Grosso, onde nasceu, no interior da Bahia. Enquanto a figura paterna fazia telhas, tijolos e potes artesanais, Eduardo brincava com o barro e observava os cenários formados por árvores, rios e pássaros para montar as suas primeiras esculturas e descobrir todas as possibilidades que a natureza oferecia. 

Ainda na escola, o artista plástico traçou os primeiros desenhos com o incentivo dos professores e depois nunca mais parou. O problema é que, por muito tempo, o talento artístico ficou guardado apenas para si. Na vida profissional, a pintura apareceu em móveis e paredes enquanto trabalhou como pedreiro e pintor. Eduardo também foi frentista por 10 anos até descobrir que era hora de mostrar o seu talento para o mundo: “Eu escondia as obras que eu pintava. Eram para mim, eu não tinha a intenção de comercializar. Sempre com muito amor me inspirei no cotidiano, na cultura e na simplicidade do nordestino. Foi nessa época que criei meu estilo e identidade como pintor”, conta. 

Para Eduardo, pintar sempre foi um momento sagrado. “Eu me sinto em paz comigo mesmo. Alegria, amor e gratidão me acompanham quando estou criando, é algo divino. E apesar de sempre acreditar no que eu fazia, também tive medo de não gostarem, e isso me fazia recuar”, conta. Foi quando veio a coragem de colocar algumas obras na parede casa: os elogios começaram com os amigos e, quando viu, já tinha conseguido vender algumas telas.

O ponto de virada na vida de Eduardo Lima foi um concurso cultural

 O ponto de virada foi um concurso cultural: “Mesmo com receio, decidi inscrever uma das minhas obras retratando o sertão nordestino. Para minha surpresa, fui selecionado e, por fim, venci o concurso de arte. Isso foi muito motivador e me encorajou a tomar uma decisão que mudou a minha vida, que foi a de viver da arte”, ressalta Eduardo. 

O apoio da família era o que faltava para Eduardo se sentir ainda mais confiante: decidiu criar uma conta numa rede social para mostrar suas obras. Hoje, seu perfil conta com mais de 100 mil seguidores. Foi a ponte para a sua arte romper as barreiras do território brasileiro. 

A mais recente mostra, “Raízes do Sertão”, voou longe e foi parar na renomada Canning House London, na Inglaterra, e no famoso Museu do Louvre, na França, o que para ele foi a realização de um sonho: “A gente sonha em ter o trabalho reconhecido porque isso é a prova viva de que consegui tocar o coração e a alma das pessoas. Para mim é uma satisfação imensa ver as pessoas visitarem esses lugares e se identificarem com o meu trabalho. Isso é recompensador e motivador.”

A mostra deve passar ainda por outras cidades, desta vez, no Brasil: Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas a ideia é levar a exposição a Dubai, Suíça e Estados Unidos entre 2022 e 2023. Enquanto isso não acontece, Eduardo segue criando e encantando o público de todos os cantos do planeta na sua casa em Barreiras, Oeste da Bahia, realizado por ter a certeza de que escolheu o caminho certo: “Eu amo pintar, especialmente o sertão! É essa gente simples que me interessa e me encanta. Costumo dizer que retrato o que vi, vivi e senti, por isso minha arte é tão viva. É a minha paixão, a minha vida”, finaliza emocionado.

Fotos: Arquivo Pessoal

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