Exposição inédita reúne 50 obras originais e raras de Portinari no Rio de Janeiro

Um Portinari como nunca visto antes. Essa é a promessa da exposição “Portinari Raros”, que está aberta ao público desde o final de junho, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro.

Com curadoria de Marcello Dantas, a mostra possui cerca de 50 obras inéditas de Candido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros de todos os tempos.

“A beleza dessa obra é que ela busca não só aquilo que está escondido, mas aquilo que não se sabia tanto ou que não se tinha registro em imagem”, revelou à CNN, Marcello Dantas.

Além das pinturas e desenhos em diferentes técnicas, outras manifestações artísticas com linguagens diversificadas revelam um Portinari eclético, pouco conhecido até então.

“Os povos indígenas, as suásticas, os despejados na rua, as questões agrícolas, a importância do diálogo entre as espécies. Ou seja, toda a temática do Portinari ainda é bastante relevante. Isso é o que as pessoas mais sabem, que ele era um pintor engajado socialmente, mas muitos não sabem o alcance dessa visão. O Portinari tinha um pensamento ambiental, sobre a identidade étnica, dentre outras preocupações”, explica Dantas.

Entre os destaques da exposição estão obra “A Morte Cavalgando” (1955), material raro de estudo que deu origem ao painel “Guerra”, instalado na entrada da Assembleia Geral da ONU, em 1956, e “Paisagem com Urubus” (1944), projeto para cenário do “Balé Iara”, o primeiro balé brasileiro a entrar no circuito internacional.

Entre os destaques da exposição está obra “A Morte Cavalgando” (1955)

Com a Segunda Guerra Mundial, o Original Ballet Russe, passou a excursionar pelas Américas e procurou enriquecer seu repertório, incorporando concepções arrojadas e modernistas de importantes artistas locais. Desta forma, o argumento foi encomendado ao poeta Guilherme de Almeida; a música ao maestro Francisco Mignone e os cenários e figurinos a Portinari. Além do projeto para cenário em óleo sobre cartão, os figurinos criados por Portinari também estarão na mostra, em uma animação digital.

Segundo os idealizadores do projeto, toda a ambientação da exposição foi projetada para criar um cenário de imersão no universo de Portinari. Para isso, algumas paredes foram compostas por desenhos do próprio Portinari, que deram origem às obras que estarão expostas naquele ambiente. No núcleo “Flores”, arranjos de verdade de flores secas, de espécies que inspiraram Portinari a pintar as obras, irão compor as paredes.

Em entrevista à CNN Brasil, João Candido Portinari, filho único do artista plástico, revela que até ele se surpreendeu com o ineditismo de algumas obras em exposição. Candido também lembrou com carinho da paixão de seu pai pela arte.

“Ele era um grande experimentador. Tinha uma coragem infinita, inclusive sobre os outros pintores. Quando algum outro pintor apaixonava ele, ele absorvia a técnica, a pincelada, a forma de expressão”, contou João.

Compõem a exposição, a única cerâmica produzida pelo artista, que pode ser contemplada no núcleo infância, além da mostra “Carrossel Raisonné”, uma projeção que exibe cerca de 9 horas consecutivas com as mais de 5 mil obras de Candido Portinari.

“São 40 anos de dedicação durante os quais ele fez, em média, 1 obra a cada 3 dias. Isso resultou em mais de 5400 obras que nós temos todas arquivadas”, destaca João Candido Portinari.

Com informações da CNN.
Foto de capa: “Paisagem com Urubus” (1944)

  • Compartilhe: