Especialista explica como alterações na função nasal podem comprometer rendimento de esportistas

Basta esfriar que as queixas começam: espirros, nariz entupido, coceira nos olhos e no nariz, tosse e até pigarro. Se isso já afeta a rotina de pessoas comuns, a situação fica ainda mais complicada quando se trata de atletas profissionais, que acabam tendo o rendimento prejudicado. Por isso, sintomas como esses não devem ser descartados, como alerta a otorrinolaringologista Renata Barcelos.

Segundo ela, em relação aos atletas, que possuem uma rotina de treinos diários, é preciso ainda mais atenção: “O motivo é que se ele deixar de treinar pelo fato de estar doente, ele vai ter uma diminuição da performance. Por isso, é importante relacionar essa área médica aos mais diversos esportes, como mergulho, surfe, natação, corrida e ciclismo.”

A médica também ressalta que pode acontecer o caminho inverso, já que doenças podem surgir em decorrência da carga excessiva de treinamento: “O sistema imunológico desse atleta pode sofrer um estresse oxidativo, o que abre janelas de oportunidades para doenças como amigdalite de repetição e sinusite”, completa.

A profissional conta que o primeiro passo é avaliar possíveis distúrbios que podem afetar o desempenho do atleta: “Temos que ver como está a função nasal e se há alterações significativas, como desvio de septo, hipertrofia de cornetos ou insuficiência de válvula nasal, que afetam a fisiologia da respiração durante a prática de atividade física. Além disso, é preciso avaliar o sono do paciente, se há incidência de roncos ou despertares noturnos, se o paciente acorda cansado ou se tem sonolência diurna.”

Em relação à qualidade do sono, Dra. Renata é enfática: “Se ele não dorme e não descansa, não vai c

onseguir recuperar o processo inflamatório gerado no treino. O tratamento do sono traz benefícios como a recuperação da dor, da lesão muscular e do processo inflamatório gerado ao longo do exercício”. Além de afetar o rendimento esportivo, dormir mal aumenta as chances de desenvolvimento de obesidade, isquemia miocárdica, alterações vasculares ou na regulação dos hormônios e processo inflamatório crônico.

A depender do diagnóstico, o tratamento pode ser clínico e/ou medicamentoso para controle e redução dos sintomas, proteção da via aérea e redução das agudizações, o que para o atleta pode ser sinônimo de dias de estaleiro. Já nos casos em que há alterações anatômicas, a cirurgia pode ser o melhor tratamento: “Para alguns pacientes, operar o nariz garante uma melhora expressiva no rendimento, já que proporciona mais conforto durante a prática de atividade física e impulsiona a qualidade de vida e de sono após o tratamento”, completa a profissional.

Foto: Divanildo Silva

  • Compartilhe: