ARTIGO: Psicoterapia e transtornos mentais ainda são tabus. Aprenda a vencer todas as barreiras e ter saúde mental

Texto: Patrícia Teubner

Patrícia Teubner (Foto: Divanildo Silva)

A Saúde Mental de uma pessoa está diretamente relacionada à maneira como ela reage ao que acontece em sua vida. Passar por momentos difíceis faz parte da vida, porém, quando não se consegue superar esses momentos e o nível de sofrimento é intenso, causando prejuízos na vida do indivíduo – na saúde, produtividade, comportamento e rotina, por exemplo – é hora de buscar ajuda de um especialista.

Para muita gente, infelizmente, ainda é um tabu ir ao psicólogo ou psiquiatra, fazer psicoterapia, falar de problemas psicológicos e de transtornos mentais. Entre os motivos estão a vergonha de procurar ajuda profissional, o medo de estar realmente doente e de não saber lidar com essa realidade, e até mesmo o receio de ser julgado, rejeitado ou sofrer preconceito (rótulos equivocados que atribuem a condição de “doido”, “desequilibrado”, “incapaz” e “fraco”). Mas por que essas ideias ainda são tão presentes na nossa sociedade?

Atualmente, coisas como a perfeição, a completude e a autossuficiência são muito valorizadas. Para algumas pessoas, procurar ajuda pode significar ter que admitir suas fragilidades, imperfeições e impotências, indo contra a expressão: “Eu dou conta de tudo!” Admitir o óbvio – a condição humana é imperfeita – é difícil para alguns, evidenciando a possibilidade de fracassar, o medo de ser julgado e rejeitado. O imperfeito é percebido, nesses casos, como um peso, uma incapacidade ou algo negativo. É quando surge o questionamento: Como falar (e buscar ajuda) sobre algo que não se consegue admitir?

A cobrança por um estilo de vida ideal se traduz na busca incessante pela perfeição e na ausência de frustração no trabalho, na família, na estética, nos filhos, no parceiro e nas conquistas materiais, seja na vida real ou virtual. Essa busca pode gerar um peso muito grande e levar ao adoecimento. Esse adoecimento pode ser físico, mental e psicológico.

Ocorre um ciclo cruel e adoecedor, onde a busca ilusória pela perfeição gera estresse e frustração. Ao não aceitar essa realidade imperfeita, o indivíduo acaba negando o sofrimento, fantasiando que a frustração não existe, acumulando sentimentos, conflitos e problemas. Com o tempo, pode acabar adoecendo e negando também esse adoecimento, como se estivesse tudo bem, como se apenas o passar do tempo fosse resolver tudo magicamente. Volta-se então à busca da vida perfeita, reiniciando o ciclo. Dessa maneira, o adoecimento psíquico é negado e visto como um tabu. As consequências desse ciclo podem gerar transtornos como Depressão e Ansiedade, além de somatizações e doenças físicas.

A saída é aceitar que esse tabu e o adoecimento existem, falar sobre isso e buscar ajuda quando necessário. Reconhecer os limites desse lugar de ser humano imperfeito e desse ciclo adoecedor. Como alerta, deixo aqui três perguntas para fazer a si mesmo, já que depois de ler esse texto, seguramente, a depender das respostas, saberá o que fazer:

Qual o seu estilo de vida? O que faz bem a você e às pessoas que você ama? O que realmente traz a vocês felicidade, bem-estar e qualidade de vida?

Patrícia Teubner é psicóloga, especialista em clínica psicanalítica. Realiza psicoterapia individual com casais e com grupos, além de orientação de pais. Atua com atendimento presencial (Barreiras-BA) e online. CRP 03/02616.

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