Conheça famosos que utilizaram cigarro eletrônico e entenda os riscos!

Recentemente, o modelo Lucas Viana revelou que foi socorrido às pressas, durante uma festa, e foi parar no hospital após usar um cigarro eletrônico. “Estava em uma festa e, de repente, me faltou o ar de um jeito surreal. Parecia que estava tudo entupido, como se estivesse afogando. Fui socorrido, me deram um aparelhinho de oxigênio. Tudo isso aconteceu por conta de cigarro eletrônico, vape”, contou na época.

Em abril deste ano, a cantora Solange Almeida contou que sofreu muito após o uso do cigarro eletrônico. “Eu não conseguia atingir os tons na mesma facilidade que eu tinha antes. O uso indevido do cigarro eletrônico quase culminou na perda total da minha voz e do meu emocional por inteiro. Me tirou do chão, de verdade”, lamentou.

Ano passado, Zé Neto, da dupla com Cristiano, descobriu uma doença no pulmão por conta do uso do dispositivo. “Realmente passei por um problema sério no pulmão devido a cigarro, esses Vapes. Inclusive, dou um alerta para quem mexe com essa porcaria… Para com isso porque é um cigarro como qualquer outro e faz mal do mesmo jeito ou até mais”, desabafou o cantor.

Zé Neto, da dupla com Cristiano, descobriu uma doença no pulmão por conta do uso do dispositivo

ENTENDA OS RISCOS

Apesar de proibido no Brasil, o cigarro eletrônico (ou vape) já está na quarta geração e seu uso vem crescendo em ambientes de festa, bares e restaurantes, principalmente por jovens. Seus efeitos na saúde já são comprovados, segundo os especialistas da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia). O equipamento gera partículas ultrafinas que conseguem ultrapassar a barreira dos alvéolos pulmonares e ganhar a corrente sanguínea, fazendo o corpo reagir com uma inflamação.

Muitas vezes, quando a inflamação acontece na parede do endotélio, que recobre as artérias, ele pode ser lesionado e deflagrar eventos cardiovasculares agudos, como infarto e síndrome coronariana aguda. A nicotina também tem influência no coração, porque aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. O efeito protetivo que se imaginava que o cigarro eletrônico pudesse ter não se confirma. Em países que adotaram esses produtos, há um crescente aumento de eventos cardiovasculares na população abaixo de 50 anos.

Antes da pandemia de Covid-19, os Estados Unidos registraram 2.800 internações e 68 óbitos de jovens, 70% deles tinham menos de 34 anos de idade. Eles foram diagnosticados com a síndrome chamada Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico. Hoje sabe-se que a mistura que mais causa Evali é composta por vitamina E, THC (principal componente ativo da maconha) e nicotina. Em 30% dos usuários, a utilização somente da nicotina já foi capaz de causar a doença.

Vale lembrar que o narguilé é diferente, pois é um tabaco que sofre combustão, aquecido com carvão. No entanto, também é uma substância que traz danos à saúde, além do risco de contaminação ao ser compartilhado entre os usuários. Quando os vapes surgiram, as pessoas faziam uso bidual, ou seja, eram fumantes de cigarro convencional e também do eletrônico, utilizando um ou outro em caso de restrições ou na tentativa de fazer a migração.

Já na terceira e quarta gerações dos vapes, chama atenção o aumento do número de usuários exclusivos, ou seja, pessoas que não fumavam o convencional. Isso fez com que as evidências em relação aos seus efeitos ficassem mais claras de serem analisadas. Já há estudos que indicam que os vapes podem levar substâncias cancerígenas para a bexiga, gerar disfunção endotelial, aumento do risco cardiovascular, além de piorar e desencadear asma brônquica.

Lucas Viana revelou que foi socorrido às pressas, durante uma festa, e foi parar no hospital após o uso

Além disso, eles não são efetivos para ajudar as pessoas a pararem de fumar. Aqueles que passaram a usar o cigarro eletrônico continuaram dependentes da nicotina. O percentual de indivíduos que utilizam o produto e conseguem largá-lo definitivamente é igual ao daqueles que tentam parar de fumar sem usar outro método: 3% a 5%. Isso é muito preocupante, pois além do risco para a saúde individual, o uso do vape pode colocar a perder os resultados já alcançados pela campanha antitabaco no Brasil. Do ponto de vista de engrandecimento humano, civilizatório, não há nenhuma vantagem no uso dos cigarros eletrônicos, pelo contrário.

De acordo com o Dr. Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os cigarros eletrônicos têm os riscos próprios deles, como o vazamento de elementos químicos da bateria e elementos que vazam do filamento aquecido, que libera metais como níquel, latão, cobre e outros. Esses metais trazem riscos específicos. “O nível de níquel no organismo de um usuário de cigarro eletrônico é de duas a 100 vezes maior do que a quantidade do metal em fumantes de cigarro convencional. O níquel é um carcinogênico grau 1 pelo IARC, agência internacional classificadora de risco. O grau 1 quer dizer que é comprovadamente causador de câncer em seres humanos. Então, não tem nível de exposição seguro. O cigarro eletrônico também pode causar Evali, que é uma síndrome respiratória aguda grave descrita em 2019 nos Estados Unidos”, explica.

Segundo o médico, a comunidade científica ainda está tentando entender quais substâncias podem estar relacionadas com a Evali. “Ela ocorre em pessoas que usam os dispositivos para ‘vaporizar’ (que é um nome inadequado) para ‘fazer fumar’ cigarro eletrônico, mas também em usuários de cigarro eletrônico normal, que tem nicotina e outras substâncias. Isso advém do fato de que, em outubro de 2021, descobriu-se que o cigarro eletrônico tem mais de 2 mil substâncias que os fabricantes não mencionam. Carsten Prasse fez um trabalho seminal mostrando que a maioria delas é ignorada”, explica.

Com informações de Carla Neves para a Quem.
Fotos: Reprodução/ Instagram

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