Ibovespa cai mais de 11% em junho, maior tombo desde o início da pandemia

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, terminou o mês de junho com a maior queda mensal desde o fatídico mês de março de 2020, que ficou marcado pelo impacto inicial da pandemia do coronavírus no mercado financeiro global. Naquele mês, o indicador teve queda de 29,9%, como mostra levantamento da Economatica.

No fechamento desta quinta-feira (30), o Ibovespa teve um recuo de 1,08%, a 98.542 pontos. Com o resultado, a queda mensal em junho foi de 11,50%, o que supera o resultado de abril deste ano (-10,1%). Além disso, a bolsa passou a acumular queda de 0,13% na semana e de 5,99% no ano. No dia anterior, o Ibovespa fechou em queda de 0,96%, a 99.622 pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O Ibovespa teve novo pregão contaminado pelo mau humor dos mercados no exterior, em meio aos temores de recessão global, e com os agentes financeiros monitorando o andamento da PEC dos Combustíveis em Brasília.

No Brasil, o foco continuava sobre a tramitação da PEC no Congresso, que recentemente reacendeu temores fiscais por aumentar os gastos públicos às vésperas das eleições.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), relator da proposta, anunciou nesta quarta-feira (29) ter abandonado o texto original e informou que recorrerá a outro projeto para propor um pacote social com medidas estimadas em R$ 38,7 bilhões.

O texto da PEC dos Combustíveis previa compensação a estados que desonerassem os combustíveis. A nova proposta de Bezerra prevê ampliar o Auxílio Brasil e conceder um “voucher” a caminhoneiros.

Além disso, o Banco Central admitiu que a meta de inflação será descumprida pelo segundo ano seguido em 2022. De acordo com a instituição, a probabilidade de a inflação superar o teto da meta neste ano passou de 88%, em março, para 100% em junho.

Em 2022, a meta central de inflação é de 3,50% e seria oficialmente cumprida se o índice oscilasse entre 2% e 5%. Para 2023, o Banco Central estimou que a probabilidade de superar o teto do sistema de metas avançou de 12% para 29%.

Ainda nos indicadores econômicos, uma boa notícia: a taxa de desemprego no Brasil caiu para 9,8% no trimestre encerrado em maio. A falta de trabalho ainda atinge 10,6 milhões de brasileiros.

No exterior, o foco permanece nos temores de uma recessão global, com os investidores em busca de pistas sobre a trajetória da política monetária nos EUA após várias autoridades do Federal Reserve (Fed) defenderem aumentos mais rápidos dos juros para reduzir a inflação elevada.

Porém, dados divulgados nesta quinta mostram que os gastos dos consumidores dos Estados Unidos aumentaram menos do que o esperado em maio em meio à escassez de veículos motorizados, enquanto preços mais altos forçaram cortes nas compras de outros bens, outro sinal de que a recuperação do crescimento econômico no início do segundo trimestre está perdendo força.

Já a inflação manteve tendência ascendente em maio, com o índice PCE subindo 0,6% no mês passado e 6,3% nos 12 meses até maio.

O consumo mais lento provavelmente será bem recebido pelo Fed, que está procurando domar a inflação através de um aperto agressivo da política monetária. O banco central dos EUA este mês aumentou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual, maior alta desde 1994.

Com informações do G1.
Foto: Tima Miroshnichenko/ Pexels

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