Mudanças climáticas preocupam e já apresentam desafios para a agricultura no Oeste baiano

Para que o plantio gere bons resultados e o produtor consiga suprir as demandas do mercado, vários fatores devem ser levados em consideração. O principal  deles é, justamente, aquele mais intangível: o clima. Apesar de não ser novidade para quem trabalha com o campo, o aumento da inconstância de chuvas e secas já é considerado a principal ameaça para quem está envolvido com o setor. 

Para Bruno Jardim, engenheiro agrônomo da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura do estado da Bahia (Seagri), os principais indicadores do clima de uma região tem relação com a localização geográfica e questões como modelagem dos terrenos, interações entre biomas e massas de ar. Para além disso, interações entre aspectos regionais e globais também causam interferências e devem ser levadas em consideração. 

Bruno explica que as mudanças climáticas devem ser sentidas em vários locais do Brasil e do mundo de formas bem distintas: “É a partir dessas múltiplas interações regionais e globais que se compõem as características de um clima, e todos esses indicadores podem e devem ser medidos e avaliados para dar números caracterizadores de seu comportamento.”

No Oeste da Bahia, um dos principais indicadores do clima, de acordo com o engenheiro, são as precipitações, principalmente aquelas das massas de ar – que não são estáticas e levam interferências externas para os locais por onde se movimentam: “As chuvas da região do oeste baiano basicamente são geradas a partir da umidade que é produzida na região amazônica e transportadas por deslocamentos de massas de ar entre os meses de outubro a março. Se as mudanças de clima afetarem muito a região amazônica, as características da pluviometria local podem ser afetadas de forma negativa.” 

O que potencializa esse fenômeno são as instabilidades do clima, cada vez mais intensas e impulsionadas pela ação humana. Bruno explica que a elevação da temperatura das massas de ar faz com que elas possam não apenas conter, mas também reter mais umidade: “Isto poderá diminuir a quantidade média de chuva que cai na região e impulsionar duas consequências imediatas: maior demanda de água para irrigação e mananciais com menor potencial de suprimento das demandas”.

Outro ponto de preocupação são as chuvas de alta intensidade, que podem acontecer com mais frequência e resultar em inundações urbanas: “Chuvas de alta intensidade representam possibilidades de maiores volumes de água precipitada, mas em pouco tempo. Com isso, fica mais difícil de ser captada pelo solo, chegam aos rios e vão embora. Nos meses de estiagem, os volumes que não conseguiram infiltrar vão fazer falta”, completa. 

A preocupação com a temperatura também vai impactar mais diretamente as lavouras e áreas de plantio. De acordo com o agrônomo, em cenários como esses as plantas vão precisar de cada vez mais água, o que eleva a demanda dos mananciais – que estarão cada vez menos alimentados. “O resultado final é uma necessidade de maior eficiência no sistema de gestão e uso da água para diminuir ao máximo as perdas, além de afetar a adaptabilidade da vegetação e impactar dinâmicas naturais e comerciais”, finaliza. 

@seagri

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