Metamorfose Ambulante: a arte de mudar pra ser feliz 

Conheça a história de Fernanda Mascarenhas, uma designer de interiores que se encontrou no mundo da arte 

Texto: Vitórian Tito

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, bem dizia Raul Seixas no sucesso lançado em 1973. É com essa mesma energia que Fernanda Mascarenhas, de 34 anos, trilha a estrada da vida. Designer de interiores, artista, esposa e mãe, Fernanda é exemplo prático do que significa estar sempre aberta às novas oportunidades de aprender, crescer e se transformar. 

A palavra mudar sempre esteve presente no dicionário dessa baiana, nascida em Feira de Santana. De pequena aprendeu o que era se adaptar. Primeiro, foi a mudança com a família para a cidade de Barreiras. Depois trocou de novo de endereço para estudar Design de Interiores na Universidade Federal do Goiás (UFG), em Goiânia. Ao concluir a faculdade, Fernanda voltou a morar para a casa dos pais. Mas, mesmo nesse vai e vem, ela nunca deixou para trás a antiga paixão: a arte.

Fernanda montou o escritório e ainda tentou empreender, chegando a abrir uma franquia de quadros com o noivo, que durou 5 anos. Foi nesse momento, que resolveu investir na família. Casou-se e teve dois filhos e se sentia feliz:  “estar em Barreiras exercendo a minha profissão e com os meus filhos perto dos avós e de toda família era uma realização”. Mas ainda não era suficiente. Faltava coragem de investir no que mais amava, que era a vocação artística, por medo de não ter retorno financeiro e aí seguia com a carreira na qual se formou: “as pessoas falavam muito bem de mim e eu era muito indicada tanto pelos prestadores de serviço como pelos clientes”, conta. 

Metamorfoseando

Mas é justamente quando se está na zona de conforto, que a vida muitas vezes surpreende. Foi numa viagem – um dos hobbies preferidos de Fernanda – que ela descobriu um novo rumo que a fez tomar uma decisão arriscada:  a designer fechou o escritório para finalmente enveredar pelo caminho das artes – que viraria mais tarde a sua principal fonte de propósito e renda.

A viagem decisiva foi há quase 3 anos, quando Fernanda estava em Milão, na Itália, país que é considerado berço artístico e arquitetônico. A designer estava no meio do Salone del Mobile, a feira de móveis mais famosa da cidade, quando teve um insight: “foi como se naquele momento alguém batesse na minha porta e dissesse ‘Fernanda, faça sua arte. Foi assim que decidi”, conta ela.

A partir daí, Fernanda se debruçou sobre a pintura. Mergulhou de corpo e alma em seus quadros de formas orgânicas e coloridas, que ela descreve como “facilitadores de boas vibrações que elevam a energia do espaço”.  O retorno veio rápido. Em outubro do mesmo ano, foi convidada a expor o trabalho no maior museu do mundo: o Louvre, em Paris. O tema da exposição foi ‘Metamorfose’ – mais a cara dela, impossível.  Era o empurrão que faltava na carreira da designer e agora artista.

Após a experiência, ela se voltou para as viagens e cursos que aperfeiçoaram em aquarela. No meio de todo o processo foi obrigada a pisar no freio, junto com o mundo inteiro. A pandemia trouxe não só o isolamento, mas também o medo de tudo não dar certo. “Aproveitei para parar, reformar minha casa e me voltar para a família. Ensinei meus filhos a ler e a entender matemática, aprendi a cozinhar e fazer pães caseiros, mexi com plantas, meditei e pensei em coisas boas, em meio a tudo que estava acontecendo. Foi um aperfeiçoamento e tanto”.

No ano passado, Fernanda, como um camaleão, precisou mudar de endereço novamente. Deu adeus à estabilidade e foi para Toledo, no Paraná, junto com o marido e os filhos. O que continuou igualzinho foi a intensidade na produção de trabalhos autorais de gravuras e aquarelas, que hoje vende através da internet. Além disso, segue atuando como designer, só que de uma maneira muito mais completa. “passei por uma reconstrução interna entre 2020 e 2021. Foi doloroso, mas muito importante. Hoje é uma grande satisfação conseguir integrar tudo isso de uma maneira tão bonita e grandiosa. O que antes era uma dificuldade, hoje são novos passos para explorar, desvendar, conhecer e perceber a grandiosidade de tudo isso que eu faço”, finaliza.

@fernandamascarenhas_interiores

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