Texto: Vitórian Tito 

Falar da carreira da atleta de Remo Fabiana Beltrame é se deparar com uma trajetória impressionante cheia de sucessos e conquistas. Hoje aos 39 anos, Fabiana coleciona feitos pioneiros, como ser a primeira remadora brasileira a competir em jogos olímpicos, (Atenas, 2004) e a primeira campeã mundial de remo do Brasil (Eslovênia, 2011). 

Na extensa bagagem, a atleta também tem inúmeras passagens por outras olimpíadas, como a de Pequim, em 2008, e a de Londres, em 2012. Além disso, ela guarda na memória a conquista de seis medalhas em Copas do Mundo, outras duas em jogos Pan-Americanos e nove títulos Sul-americanos. Fabiana também foi a primeira mulher a difundir o Remo no Brasil, paixão que a acompanha há 25 anos.

Apesar de surpreendente, a vida de atleta do remo aconteceu por acaso, já que quando criança, ela se divertia mesmo era praticando outros esportes, como natação e vôlei. Fabiana conta que o primeiro contato com o remo aconteceu quando ela caminhava com uma amiga na orla de Florianópolis, em Santa Catarina: “Eu via de longe o pessoal remando ao ar fiquei curiosa. Foi quando decidi experimentar e me matriculei no clube náutico”, conta ela. A primeira experiencia num barco, segundo a atleta foi inesquecível: “Eu senti uma sensação maravilhosa. O barco deslizando pela água e observando ao mesmo tempo a cidade de outro ângulo”, conta.

Daí para a paixão foi um pulo e quando ela se deu conta já estava envolvida naturalmente no que se tornaria uma carreira profissional: “A minha primeira competição foi uma regata no ano de 1997, que fazia parte de um campeonato estadual. Ganhei segundo lugar, mesmo num barco de madeira, que é bem mais pesado. Acho que tomei gosto por subir no pódio”, explica Fabiana.

De uma vez ao dia, ela passou a treinar duas, se dividindo entre os compromissos, o estudo e o esporte. Ela relembra as dificuldades que enfrentou nesse período: “Eu passei por várias até chegar na minha primeira olimpíada e a principal dificuldade foi a falta de apoio, porque na época o remo tinha pouca visibilidade.” Para treinar e se alimentar bem Fabiana contou com o famoso “paitrocínio”, o que a fez se sentir privilegiada: “Eu tive muita sorte, desde o início, de ter pais que me apoiaram. Tem atletas que deixam de ir pra frente porque não tem condições”, desabafa.

Fabiana fala que hoje em dia, muita coisa mudou: “Agora o remo já é um esporte mais valorizado, mas quando eu comecei não era assim. Acho que ajudei a divulgar um pouco e quebrar esse paradigma, principalmente no remo feminino, que sempre sofreu muito preconceito e machismo dentro dos clubes”.

Tudo isso fez Fabiana pensar em desistir:  parou as competições e foi prestar vestibular. Mas não durou muito tempo e ela decidiu retornar enfrentando de cara a primeira olimpíada: “Foi um divisor de águas porque eu era uma remadora anônima e, de repente, cheguei como a primeira brasileira numa competição olímpica. Isso fez com que eu me tornasse uma referência não só no remo, mas no esporte de maneira geral”, revela a atleta. 

Entre as experiências, vestir a camisa verde e amarelo foi, sem dúvidas, a mais marcante da carreira: “Representar o Brasil nas competições era sempre um orgulho muito grande porque competir pelo seu país é algo totalmente diferente. Você está representando uma nação inteira e ela está torcendo por você. Orgulho é a única palavra que eu tenho para descrever”. 

Remo Fitness

Hoje, Fabiana se dedica ao Remo Fitness, um projeto criado por ela e pelo ex-treinador da seleção brasileira, Júlio Soares. O objetivo é oferecer acompanhamento especializado através de aulas virtuais e treinamento técnico. A planilha de treinos é disponibilizada para que cada aluno execute os exercícios no remo ergométrico, uma máquina que simula o barco e hoje está presente em várias academias brasileiras e boxes de CrossFit do país. É o chamado remo indoor.

A ideia de surgiu quando Fabiana percebeu a carência de divulgação de conteúdos sobre a prática correta no aparelho e decidiu ajudar quem quer aprender a remar: “nosso objetivo é fazer com que boa parte das casas brasileiras tenham um aparelho, usem e saibam remar de maneira correta para trabalhar capacidades físicas, força e resistência em um treinamento completo”.

@fabibeltrame