Texto: Louise Calegari

Seja em cima de um trio elétrico, num palco, ou nas redes sociais – onde acumula mais de três milhões e meio de seguidores. O nome Xanddy é sinônimo de sucesso absoluto, de alegria e descontração. 

A voz inconfundível é responsável por entoar hits famosos no Brasil e até fora dele, como “Desafio” e Vem Neném”.  E quando o vocalista do grupo Harmonia do Samba se junta à algum outro artista, para um feat o resultado é o esperado: sucesso absoluto. Foi isso o que se viu, por exemplo com música “Tic Nervoso” fruto de uma parceria com a cantora Anitta.

Xanddy também tem um rebolado que é só dele e agora ainda acumula o status de celebridade digital, adquirido durante a pandemia da COVID 19. No isolamento e impedido de realizar shows descobriu esse jeito de continuar em contato com os fãs. E que jeito, viu? A maneira engraçada com a qual responde às perguntas mais inusitadas que recebe o fez ser por muitas vezes, um dos assuntos mais comentados da internet.

Ao lado da esposa Carla Perez e dos filhos Victor Alexandre de 18 anos e Camilly Victória de 20 o cantor conta que se divide entre os dois endereços – Miami (EUA) e Salvador (BA) e declara seu amor pela família. 

A pandemia afetou muito o setor cultural, com o cancelamento, por um longo período de shows, com o objetivo de evitar as aglomerações. Mesmo com a retomada dos eventos, os prejuízos acumulados são imensos para toda a cadeia produtiva que depende desse tipo de trabalho. Como têm sido enfrentar tudo isso?

O desafio continua, né? Só que com mais expectativa de que o mercado de entretenimento volte a se aquecer de verdade. Não foi simples, não foi fácil em vários aspectos: conseguir manter uma empresa, sem entrar, por quase dois anos, nenhuma receita, é realmente muito difícil. Fomos criando estratégias, repensando no projeto para sobrevivermos. A saudade dos palcos também, independente da questão financeira, pesou muito. A música é muito mais do que o nosso ganha pão, do que o nosso trabalho, é a nossa realização, é a nossa paixão e ver o público é a nossa motivação diária. Ver isso sendo arrancado de nós, doeu muito. 

Ainda assim, buscamos entender que Deus sabe de todas as coisas e que tudo pode ter sido um convite de Dele para que déssemos essa ‘pausa’. Foi duro ver o que tanta gente enfrentou, perdendo seus entes queridos, pessoas desesperadas. No fundo, só de termos sobrevivido a pandemia com saúde, já é um grande privilégio. Então não tinha muito o que questionar. Graças a Deus, a pandemia tem ido embora. 

Com tem sido matar a saudade do seu público?

Sim, retornamos os shows respeitando o que está sendo definido em cada praça, em cada cidade. Aos poucos as coisas estão voltando a acontecer. Sobre a aproximação com o público, é um misto de alegria e de saudade ao mesmo tempo porque sabemos que não estamos encontrando aquela grande massa, aquela multidão.  

Muitas pessoas se viram transformadas, com a chegada do Coronavírus. O isolamento social fez o olhar se voltar mais para família, para a descoberta de novos hobbies em casa, como cozinhar, por exemplo. Isso aconteceu também com você? 

Há algum tempo eu já venho buscando o equilíbrio entre a agenda cheia e ser presente com minha esposa e filhos. Muito antes da pandemia, isso já era algo que eu vivia. Mas o momento me permitiu ficar com eles um tempo muito maior, sem interrupções e essa experiência foi o grande ganho que essa crise sanitária trouxe para mim, no meu caso.  Uma das coisas que descobri foi a aptidão para fazer sucos e vitaminas. Inclusive, meus filhos disseram para eu abrir um local de vendas de sucos e vitaminas. Segundo eles, são os melhores do mundo! [risos].

Lá em casa a gente fez uma divisão de tarefas para cuidar as atribuições domésticas neste período. A principal responsável por colocar ordem na casa é Carla. Carla é da faxina, acredite! Quando ela se dedica a fazer, é um ‘Deus nos acuda’! Dia de sexta-feira, por exemplo, ela tira tudo do lugar, coloca uma música e limpa tudinho de cotonete [risos]. Mas cada um tem sua tarefa: os meninos arrumam seus quartos e cuidam dos cachorros. Eu vou lavar os carros, limpar garagem e por aí vai.

O que vimos, ao longo da pandemia, foi nascer um Xanddy ainda mais engajado, divertido e consciente, com um diálogo super próximo com os fãs. Aliás, as suas respostas hilárias e pertinentes (como sobre a importância da vacina, por exemplo) são um sucesso! Quando se descobriu influencer?

Tudo começou com essa coisa da “caixinha de perguntas”. Isso aconteceu um pouco por eu ter esse tempo vago durante o isolamento e por eu querer conhecer um pouco mais as ferramentas das minhas redes sociais.  Foi bem despretensioso, eu diria. Eu, que não era tão ativo com as redes sociais e passei a ser. De uma hora pra outra, a caixinha de perguntas foi onde eu me encontrei. Eu me divirto junto com o povo! É algo que eu amo fazer. Agora tenho que ficar explicando para o povo que eu sou cantor e não humorista [risos].

É cada história divertida e até polêmica, principalmente sobre a sua relação com Carla Perez…

Ah… sim. O povo se diverte e nós (eu e Carla) também. A gente ri muito das perguntas e entra no clima para responder. [risos]

Como está a sua agenda e do Harmonia do Samba em 2022? Já dá pra falar em novos projetos?

Estamos acompanhando a evolução do fim da pandemia e torcendo para que tudo volte de fato à ativa. Aí vamos retomar o calendário anual de eventos e também teremos a chance de colocar todos os projetos em prática. Por enquanto, transformamos o projeto audiovisual ‘Samba Em Harmonia’, em um show com público. Lançamos ele no mês de fevereiro, em Salvador, e foi incrível viver esse repertório com o público da nossa terra. O ‘Samba em Harmonia’ é um projeto lindo, onde a gente traz músicas de vários artistas em ritmo de samba. Ele tem uma cenografia bem particular, tudo nele é massa. 

Já que estamos falando sobre isso, a sua filha, Camilly Victória está arrasando na carreira musical, inclusive acaba de lançar um novo trabalho. Como você se sente vendo que ela está seguindo os seus passos? 

Fico babando, né?! Camilly é uma grande revelação para nós. Ela sempre mostrou interesse pela música, pelo mundo da arte musical, mas sempre deixamos ela muito à vontade. Foi no tempo dela, do jeito dela, quando se sentiu segura e quis se lançar. Ela buscou estudar, era a prioridade dela. A cada single que ela lança é uma agonia dentro de mim e de Carla, aquele frio na barriga que não tem tamanho. 

Morar fora nunca impediu que você tocasse a sua carreira aqui no brasil. Você pretende continuar morando no exterior? 

Eu moro lá e cá. Sem a pandemia, inclusive, fico muito mais no Brasil pois existe uma agenda de shows que é emanal. Trocar o Brasil por outro país nunca foi uma opção. Não é uma troca. A gente (eu e Carla) vamos administrando o fato de estarmos nos dois países para seguir nossas vidas e também acompanhar nossos filhos que sim, tem uma vida muito mais pro lado dos Estados Unidos.  O estilo de música que Camilly se interessa, por exemplo e gosta e cantas é o internacional. 

A região Oeste da Bahia ama o seu trabalho. Como é a sua relação com os fãs dessas cidades?

Noooossa! A gente ama tocar em todos esses municípios, como Barreiras, por exemplo. Sempre, sempre e sempre somos recebidos de uma forma muito particular, com carinho e muita atenção. Isso enche o coração da gente de gratidão e alegria.