Protagonista de 5 voltas ao redor do mundo, Aleixo Belov inaugura Museu do Mar em Salvador

A exposição é aberta ao público e reúne relíquias adquiridas pelo velejador em cada uma das expedições 

Texto: Vitórian Tito

Credito fotos: Leonardo Papini

De ucraniano, Aleixo Belov só tem o registro do local de nascimento, porque foi na Bahia que ele viveu praticamente toda a vida. O europeu, hoje com 78 anos, chegou ao estado quando ainda tinha 6, junto com os pais, para fugir da ocupação alemã, na Segunda Guerra Mundial. Logo de cara, já viveu a primeira, das muitas aventuras que viriam pela frente, a começar pelo nome, que precisou trocar na imigração, porque os funcionários alegaram que por estas bandas, ninguém conseguiria pronunciar “Alexey”. Foi quando passou a se chamar Aleixo.

Hoje, casado com uma brasileira e pai de cinco filhos, ele carrega na bagagem uma história incrível de uma existência inteirinha dedicada ao mar e à engenharia. A curiosidade de desbravar os quatro cantos do planeta, foi o motor que o fez ser o primeiro navegador a dar 5 voltas completas ao redor do mundo. 

Desbravando os Mares

A primeira volta ao redor do planeta foi em 1981, em uma embarcação que carregava no mastro, uma bandeira brasileira. Aliás, todas as façanhas conquistadas pelo europeu, sempre tiveram como princípio, a representação da nação que o acolheu. 

Depois, Belov fez isso de novo, outras duas solitárias vezes e chamou a atenção por um detalhe que vai além da coragem de estar sozinho numa viagem como essa. O ucraniano embarcou nessa aventura em um veleiro construído por ele mesmo, que foi batizado de “As Três Marias”.  

O navegador repetiu a façanha outras duas outras vezes, com a única diferença de estar acompanhado por uma pequena tripulação de fotógrafos, alunos e entusiastas. 

Belov escreveu 9 livros. Em um deles, intitulado de “O Veleiro escola Fraternidade na Antártida”, ele conta parte da aventura de percorrer as 8,5 mil milhas do percurso, em 2013, considerado por especialistas como um dos mais difíceis. Na publicação, o autor lembra momentos difíceis, como a travessia pelo Cabo Horn e a Passagem de Drake.

A obra é ilustrada por fotografias dos locais por onde passou a tripulação composta por Belov e mais nove pessoas. 

O Museu do Mar

Ao longo dos anos, Aleixo Belov colecionou registros, como diários de bordo e fotografias. Por cada canto que passava, foi colhendo relíquias e objetos. O resultado é um acervo fantástico, que está disponível em um museu idealizado por ele, para os apaixonados por navegação. Reunir tudo isso em uma exposição era um antigo desejo: “Fui ficando mais velho. Quando eu morrer meu acervo se espalharia, então resolvi criar um museu”, explica ele. 

O recém inaugurado Museu do Mar, está localizado no Centro Histórico de Salvador e tem como moldura, a privilegiada da Baía de Todos-os-Santos. O local – que tem 540 metros quadrados – é novidade para o repertório cultural e é uma das novas apostas para engrandecer o roteiro turístico da capital do estado.

Na exposição permanente é possível ver itens que expressam o amor pelos mares e convidam o visitante a navegar pelas linhas da história traçadas pelo ucraniano nesses últimos 50 anos. A estrela do local é o veleiro “As Três Marias” que teve que ser içado por um guindaste para caber no museu. Belov diz que é um presente dele para as futuras gerações: “Minha vida está ligada ao mar, à engenharia, às viagens e livros que escrevi”, destaca o velejador.  É um tesouro que resume toda a sua vida, que vai desde o famoso veleiro, as cartas náuticas e equipamentos de bordo a até mesmo objetos inusitados, como por exemplo “conchas do mundo todo, filmes sobre as viagens, uma coletânea de fotos mostrando as paisagens mais bonitas por onde passei e pinturas de todas as partes do mundo, que adquiri durante as viagens”, como ele mesmo faz questão de contar.

O Museu conta também com recursos interativos, lojinha para comprar os livros escritos por Belov e outros autores, sala de projeção de filmes, cafeteria e uma área de 110 metros quadrados para exposições temporárias. 

Mas o principal é saber que o visitante sairá do museu transformado e inspirado a olhar para o oceano sob um novo ponto de vista.

Museu do Mar

Local: Centro Histórico de Salvador.

Funcionamento:  terça-feira à domingo, das 10h às 18h. 

Entrada: Ingresso custa R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia. Crianças de até 5 anos não pagam e toda quarta-feira a entrada é gratuita. 

@museudomar.aleixobelov

@aleixobelov

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